Artigos Opinião: Festival da Pizza

  • Por Dr. Cléio Diniz
  • 04 Jun 2014
  • 20:26h

(Foto: Laércio de Morais | Brumado Urgente)

No início do ano falamos sobre a antiga e famosa política do Pão e Circo a qual foi magistralmente criada durante o império romano, quando os imperadores, apesar de todo seu poder se viram obrigados a desviar a atenção do povo. Desta forma sendo distribuíam comidas a plebe e os entretinham com os jogos, sendo os mais famosos na arena do Coliseu, na capital do Império, onde se atiram os cristões aos leões e aconteciam os embates dos gladiadores.

 

Dizem que tudo se copia e muito pouco se cria, e nesta linha passados mais de 2 mil anos, demonstrando mera habilidade de atualizar a velha política, nossos governantes enveredam por esta estratégia certos do resultado favorável, a ponto de se tornarem displicentes quanto ao entendimento da sociedade administrada.

 

Pode parecer redundância, quiçá falta de assunto, mas a verdade nua e crua é uma só, a mesmice continuada da administração pública e sua insistência em ludibriar e ignorar a população, apesar de que esta população em sua grande parte fornece a abertura necessária para assim se proceder aqueles com interesses escusos. Afinal a democracia tem em si imiscuída a tese da ditadura da maioria.

 

Então vejamos, alterando apenas a forma, onde se exclui a concentração em uma arena e a logística, o Pão é distribuído através de “ações sociais”. Nada contra as mesmas, muito pelo contrário, todavia estas ações sem sua condução a uma politica de valorização do trabalho torna o cidadão submisso e dependente. Neste campo o governo esta dando o peixe, enquanto deveria dar condição de se pescar. Observe que não foi anunciada nenhuma política pública de abertura e incentivo no campo de trabalho, mas foi recentemente concedido um aumento ao Programa social do Bolsa Família, superior a qualquer outro. O Pão foi largamente distribuído e a massa carente, faminta e acomodada saciada.

 

No quesito Circo, este veio em dose dupla. Inicialmente com a realização da Copa do Mundo de Futebol, um esporte que é a paixão nacional, e na sequencia a realização das Olimpíadas. Diversão em larga escala.

 

Como disse o ex-jogador Ronaldo, “não se faz Copa do Mundo com Hospitais”. Ele esta correto, mas esqueceu de que não se pode fazer Copa com verbas destinas a hospitais, ou melhor,destinadas a saúde, a segurança pública, a infraestrutura viária. Para se fazer um evento, principalmente do porte da Copa tem que se ter dinheiro próprio, e utiliza-lo com um investimento qualquer, ou seja, visando o retorno, e este tem que ser em forma de lucro. Uma conta simples que compra a má gestão pública atual, a incapacidade daqueles que estão no comando. Relembrando, quando o Brasil foi escolhido e ainda estava distante do início da Copa, o governo, em todos os níveis, se colocou categórico ao afirmar que não haveria verba pública envolvida. Quem padece de memória?

 

A implantação da velha política do Pão e Circo veio em uma hora propícia, em véspera de eleição, após a vergonhosa atuação do SF em dar um novo conceito, definição e natureza jurídica ao instituto da formação de quadrilha no processo conhecido com “mensalão”.Mais recentemente o escândalo da Petrobras, onde os próprios Senadores já admitiram que, devido a copa, o recesso parlamentar e as eleições de outubro, a CPI esta fadada a pizza, as obras inacabadas e destinadas a Copa do Mundo, neste caso obras destinadas ao evento e com previsão de término após o evento, uma contradição épica.

 

E para melhorar o quadro, o próximo mandado presidencial será responsável pela indicação de 04 novos ministros. Ai sim vai virar a “festa do caqui”, ou como queiram, “a casa da mãe Joana”. Um festival de Pizza.