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Fim dos combustíveis fósseis é necessário para saúde, diz diretor da OMS na COP28

  • Por Ana Carolina Amaral | Folhapress
  • 04 Dez 2023
  • 09:25h

Foto: OMS

O diretor-geral da OMS (Organização Mundial de Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou à Folha de S.Paulo que espera ver como resultado da COP28, conferência do clima da ONU, "no mínimo, a eliminação dos combustíveis fósseis".

"Seria muito importante para a saúde", ele completou, citando que doenças respiratórias e poluição do ar estão ligadas à exploração de energias fósseis, que também são responsáveis por 75% das emissões de gases-estufa no planeta.

"A relação com a saúde é a forma mais convincente de mostrar às pessoas o impacto das mudanças climáticas", completou, em fala neste domingo (3) nos corredores da COP28, que acontece até o próximo dia 12 em Dubai (Emirados Árabes Unidos).

Pela primeira vez, a cúpula do clima dedicou um dia temático à agenda da saúde, que ocorreu neste domingo, com uma série de debates paralelos às negociações diplomáticas.

Ao deixar o palco de uma mesa com ministros da Saúde de diversos países, Tedros foi rodeado por admiradores, principalmente agentes de saúde e pesquisadores, que pediram fotos e lhe agradeceram pelo trabalho durante a pandemia de Covid-19.

Entre os desafios do período, o diretor da OMS precisou lidar com o negacionismo científico --uma barreira comum à agenda contra o aquecimento global e que chega a atingir as lideranças responsáveis pelo acordo climático.

No último dia 21, o presidente da COP28 e também CEO da petroleira Adnoc, Sultan al-Jaber, afirmou em uma videoconferência, revelada neste domingo pelo The Guardian, que não há ciência por trás da recomendação de eliminar os combustíveis fósseis.

Entretanto, o painel científico do clima da ONU (IPCC, na sigla em inglês) e também a Agência Internacional de Energia apontam em seus relatórios mais recentes o abandono da matriz fóssil como uma condição para manter o aquecimento global próximo de 1,5°C.

Questionado sobre a declaração de Jaber, Tedros respondeu que a necessidade de eliminação dos fósseis "não é só baseada na ciência, como também nos impactos que já são vividos". "Está tudo documentado", completou.

A menção a combustíveis fósseis, porém, ficou de fora de uma declaração política sobre clima e saúde organizada conjuntamente pela presidência da COP28 e a OMS.

Os Emirados Árabes articularam a doação de diversos países e fundações somando US$ 1 bilhão para a iniciativa, que promete aumentar a cooperação internacional para sistemas de saúde mais resilientes ao clima.

 

"Melhorar a capacidade dos sistemas de saúde para antecipar e implementar intervenções de adaptação contra doenças sensíveis ao clima e riscos para a saúde, através do reforço dos serviços de informação sobre saúde climática, vigilância, sistemas de alerta precoce e resposta e uma força de trabalho de saúde preparada para o clima", diz a declaração.

O documento também prevê a incorporação de considerações sobre a saúde nos processos de negociação das COPs, com o objetivo de minimizar os efeitos adversos do clima na saúde pública.

O texto foi assinado por 124 países, incluindo Brasil, China, Estados Unidos, Índia, Alemanha e Reino Unido.

Segundo estimativas da OMS, o clima deve causar pelo menos 250 mil mortes adicionais por ano entre 2030 e 2050. Dessas, 38 mil devem ser de idosos expostos ao calor extremo, outras 48 mil mortes devem acontecer por diarreia, 60 mil por malária e 95 mil mortes de crianças ligadas a má nutrição.

No último ano, o painel do clima da ONU estimou os impactos da crise climática no aumento de doenças infecciosas, calor e desnutrição, nos deslocamentos forçados de populações e até na saúde mental, por conta de traumas após desastres e pela perda de comunidades e suas culturas.

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Venezuela x Guiana: especialistas divergem sobre risco de guerra

  • Bahia Notícias
  • 03 Dez 2023
  • 15:01h

Foto: Reprodução / Agência Brasil

Enquanto a Venezuela se prepara para o referendo deste domingo (3), sobre a redefinição da fronteira com a vizinha Guiana, crescem as especulações sobre o risco de um conflito armado entre os países. Especialistas ouvidos pela Agência Brasil têm opiniões diferentes sobre o assunto e analisam a crise que se instaurou entre os vizinhos na América do Sul.

O professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Williams Gonçalves, entende que existe a possibilidade de guerra e que ela pode envolver grandes potências estrangeiras.

“Não se trata apenas de [uma possível] guerra para tomar um pedaço de terra. Trata-se de tomar um mar de petróleo que existe ali. Portanto, a possibilidade de internacionalização do conflito, em virtude da importância do que está em jogo, é muito grande”, afirma Gonçalves. “Nicolás Maduro procura fortalecer sua posição política interna para as eleições [marcadas para 2024], mexendo numa questão com a qual todos estão de acordo [incorporar Essequibo à Venezuela], inclusive a oposição”.

Tradicionalmente um país pobre e com baixos indicadores sociais, a Guiana tem vivenciado um “boom” econômico nos últimos anos, devido à descoberta de reservas de 11 bilhões de barris de petróleo e outros bilhões de metros cúbicos de gás natural.

 

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Guiana teve o maior crescimento econômico entre todos os países do mundo, em 2022, com um avanço de 62,3% no Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Em setembro, o FMI projetava um crescimento de 38% neste ano.

“Os Estados Unidos têm interesse na exploração do petróleo [da Guiana] e na derrubada do governo Maduro. Mas, por outro lado, a Venezuela tem uma sólida relação com a Rússia e China. A Venezuela se tornou uma base militar e tecnológica da China e da Rússia. Portanto, uma internacionalização do conflito pode ser uma coisa realmente explosiva”, diz Gonçalves.

GUERRA IMPROVÁVEL

Mariana Kalil, professora de geopolítica da Escola Superior de Guerra (ESG), acredita que a postura atual da Venezuela sobre a Guiana atende prioritariamente a interesses políticos internos: a estratégia do presidente Nicolás Maduro é atrair apoio popular ao governo e tentar salvar o regime bolivariano. Para ela, portanto, é muito improvável que aconteça uma ofensiva militar.

“Claro que estamos lidando com um ator imprevisível, o Maduro. Caso o regime comece a se esvair, ele pode lançar uma ofensiva militar em ato de desespero. Mas acredito que, mesmo com a aprovação do referendo, a comunidade internacional vai se mobilizar para evitar que o conflito ocorra. Os custos vão ser altos demais para as relações entre os países”, disse Mariana.

A especialista explica que mudanças políticas e econômicas na Guiana ajudaram tanto a aumentar a desconfiança do governo venezuelano com o vizinho, como alimentar um discurso de que o país virou uma base para interferência dos Estados Unidos nos assuntos da América Latina.

“No governo do presidente anterior, David Granger [2015-2020], havia apaziguamento em relação à Venezuela e proximidade com a Rússia. Em 2020, Irfaan Ali foi eleito, mas Ganger o acusou de ter desestabilizado o governo e houve pedidos de recontagem de votos. Os Estados Unidos passaram a pressionar pelo fim das eleições e quem fez a recontagem dos votos foram as Organizações dos Estados Americanos (OEA) e a Comunidade e Mercado Comum do Caribe (Caricom), duas organizações consideradas por Maduro como braços dos Estados Unidos”, afirma Mariana Kalil.

“A situação na Guiana acabou gerando vários subterfúgios para o discurso bolivariano de que os Estados Unidos querem desestabilizar regimes que não seguem uma cartilha imperialista”, acrescentou.

PAPEL DO BRASIL

Com o acirramento das tensões na América do Sul, é colocado em pauta o papel do Brasil para evitar o aprofundamento da crise e uma guerra na região. Para a professora Mariana Kalil, o país tem tradição como mediador de conflitos na Venezuela e, por ter um governo atual que vê o mundo de forma cooperativa e multilateral, pode ajudar a mediar a situação.

“Brasil é fundamental, especialmente com o governo Lula, por ter credibilidade com o regime bolivariano. Não é visto pelo Maduro como um vassalo dos Estados Unidos. É visto como parceiro ou potencial parceiro. Por isso, o Brasil tem capacidade de transitar entre a Venezuela e a Guiana e legitimidade para encontrar soluções”, avalia.

O professor William Gonçalves concorda com a posição estratégica do Brasil e acredita em uma atuação mais contundente de mediação, já que o país entende que a paz na região é o melhor caminho.

“Para o Brasil, [a internacionalização do conflito] é uma coisa desastrosa. A possibilidade [desse conflito] existe. Agora, se isso vai prosperar depende muito da ação diplomática do Brasil. E também da Colômbia. São os dois países, no contexto regional, mais interessados [em evitar o conflito] e com maior lastro diplomático para negociar tanto com um lado como com o outro”, destaca o professor. “São dois interlocutores credenciados”, ressalta.

O Ministério da Defesa brasileiro informou que tem acompanhado a situação e que intensificou suas ações na “fronteira ao norte do país”, com um aumento da presença de militares na região. Já o Ministério das Relações Exteriores defende que Venezuela e Guiana busquem uma solução pacífica para a controvérsia.

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Hamas diz que só libertará reféns após fim da guerra ou soltura de todos os palestinos presos

  • Por Folhapress
  • 03 Dez 2023
  • 13:16h

Foto: Reprodução / Redes sociais/Bahia Notícias

O vice-chefe da ala política do Hamas, Saleh al-Arouri, afirmou neste sábado (2) que não há negociações possíveis sobre uma nova trégua e que nenhum outro refém de Israel será libertado até o final do conflito.

À rede qatari Al Jazeera ele disse que todos os sequestrados que permanecem em Gaza são militares israelenses e civis homens. Também declarou que todas as mulheres e crianças já teriam sido entregues, ao contrário do que alega Tel Aviv.

Al-Arouri disse que outra possibilidade para a libertação do chama de "prisioneiros sionistas" seria um novo cessar-fogo durante o qual todos os palestinos hoje detidos em prisões israelenses seriam soltos.

Na trégua, encerrada nesta sexta (1º) após uma semana, cerca de 30 detidos palestinos eram soltos diariamente em troca de grupos de reféns libertados pelo Hamas. Mais cedo neste sábado, Israel disse que as negociações para uma nova trégua chegaram a um "beco sem saída" e fracassaram.

Cantor The Weeknd doa mais de R$ 12 milhões para esforços humanitários em Gaza

  • Por Folhapress
  • 02 Dez 2023
  • 12:20h

Foto:Bahia Notícias

O cantor The Weeknd doou 2,5 milhões de dólares, um pouco mais de R$ 12 milhões para ajudar os esforços humanitários em Gaza. A quantia irá financiar 820 toneladas de cestas básicas que podem alimentar mais de 173 mil palestinos durante duas semanas. A informação é do site Billboard.

Embaixador da Boa Vontade do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas há dois anos, o cantor e fez a doação através do seu Fundo Humanitário XO. The Weeknd - cujo nome verdadeiro é Abel Tesfaye - já doou pessoalmente 1,8 milhões de dólares à missão global de combate à fome.

"As nossas equipas precisam de acesso humanitário seguro e sustentado e de apoio contínuo dos doadores para alcançar o maior número de pessoas possível", disse Corinne Fleischer, Diretora do PMA para o Oriente Médio, Norte da África e Região da Europa Oriental, em um comunicado sobre a pressa em fornecer ajuda a Gaza.

Ela agradeceu a ajuda do cantor, que atuou na série "The Idol", da HBO. "Agradecemos a Abel por esta valiosa contribuição para o povo da Palestina. Esperamos que outros sigam o exemplo de Abel e apoiem os nossos esforços."

Após uma semana de trégua na guerra que provoca crise humanitária no Oriente Médio, Israel retomou nesta sexta-feira (1º) os bombardeios contra a Faixa de Gaza para eliminar o grupo terrorista Hamas. As ofensivas recomeçaram, segundo Tel Aviv, após a facção rival violar o cessar-fogo temporário ao disparar em direção ao território israelense.

A pausa de sete dias, que começou em 24 de novembro e foi prorrogada duas vezes, permitiu a troca de reféns mantidos em Gaza por prisioneiros palestinos e facilitou a entrada de ajuda humanitária na faixa costeira devastada.

Israel e Hamas fecham acordo de cessar-fogo e para libertação de reféns

  • Por Edu Mota, de Brasília/Bahia Notícias
  • 22 Nov 2023
  • 11:51h

Foto: Internet divulgação/Bahia Notícias

O governo de Israel e o grupo terrorista Hamas fecharam, nesta terça-feira (21) o primeiro grande acordo desde o início do conflito, no dia 7 de outubro, para o estabelecimento de uma trégua e a libertação de dezenas de reféns. É o que informa a imprensa israelense. O acordo teve a participação decisiva do Catar, que mediou o diálogo entre as duas partes. 

A imprensa israelense disse que os primeiros reféns devem ser libertados na quinta-feira (23). De acordo com o governo, mulheres e crianças sob o poder do Hamas serão liberadas dentro de um intervalo de quatro dias. Durante este período, o conflito estará em pausa.

Mais cedo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, havia apelado para que seus pares no poder votassem a favor de um acordo com o Hamas que permitiria a libertação de ao menos 50 das cerca de 240 pessoas sequestradas pelo grupo terrorista durante a sua brutal incursão de 7 de outubro. O premiê convocou três reuniões seguidas para tratar do assunto: uma com a cúpula de guerra, outra com nomes ligados à segurança nacional, e, por fim, uma com todo o gabinete instituído a partir do início do conflito, que tem 38 membros.

O acordo foi costurado durante semanas de conversas em Doha, no Catar, país que fez a mediação junto com diplomatas dos Estados Unidos. A resolução do cessar-fogo foi aprovada por uma “maioria significativa” do gabinete de guerra do governo, em votação que durou mais de seis horas.

O Hamas confirmou o acordo, e afirmou que 150 mulheres e crianças palestinas serão libertadas por Israel. Ainda segundo o grupo radical, o cessar-fogo permitirá que centenas de caminhões com ajuda humanitária, medicamentos e combustíveis entrem em todas as áreas de Gaza. A expectativa é que o cessar-fogo dure cinco dias.

Empresa faz primeiro teste de táxi voador com sucesso em Nova York

  • Por Folhapress
  • 17 Nov 2023
  • 07:47h

Foto: Reprodução / Joby Aviation

A startup Joby Aviation fez, no último domingo, o primeiro voo bem-sucedido com um táxi voador elétrico. O feito ocorreu em exibição no bairro de Manhattan, em Nova York. A empresa afirma que oferecerá viagens de Wall Street ao aeroporto internacional JFK em cerca de sete minutos.
 

O veículo é um eVTOL, como os fabricados pela Embraer, e lembra um helicóptero. Executivos estimam que voos com esses modelos deverão custar entre US$ 50 e US$ 100 (R$ 500) por passageiro.
 

A Joby Aviation, assim como a concorrente Archer Aviation, dizem que colocará os primeiros táxis voadores no mercado em 2025: primeiro, nos Estados Unidos, e depois, nos Emirados Árabes Unidos e na Índia.
 

"O que considerávamos como ficção científica se tornou, hoje, uma realidade", disse o diretor de segurança da Archer Aviation, Billy Nolen, à AFP no Salão Aeronático de Dubai.
 

"Está acontecendo, é real, e vocês vão ver isso no mercado em 2025", acrescentou.
 

A Administração Federal de Aviação dos EUA deve aprovar em 2025 o Midnight, da Archer Aviation, um avião elétrico para quatro passageiros com decolagem e pouso verticais.
 

Isto levará a uma certificação "quase simultânea" nos Emirados, segundo Nikhil Goel, diretor comercial da Archer, que tem, entre seus principais investidores, o Mubadala, um fundo soberano dos Emirados. Os voos nos Emirados devem começar em 2026.
 

"Esperamos que a demanda seja forte", acrescentou Goel.
 

Ao mesmo tempo, começarão os voos em Nova Délhi, Mumbai e Bangalore, disse o diretor comercial, que descreveu a Índia como "um mercado muito, muito importante para nós".
 

No momento, estão sendo realizados voos de teste do Midnight na na Califórnia.
 

Os voos custariam, inicialmente, entre 4 e 5 dólares por passageiro por quilômetro, antes de serem reduzidos para metade em dois ou três anos, detalhou Goel, insistindo em sua aparência "sustentável e amiga do meio ambiente" e silenciosa.

Israel diz que invadiu o maior hospital de Gaza e faz ultimato ao Hamas

  • Por Igor Gielow | Folhapress
  • 15 Nov 2023
  • 13:25h

Imagem ilustrativa | Foto: Reprodução / YouTube

As Forças Armadas de Israel anunciaram ter invadido uma parte do maior hospital da Faixa de Gaza, o Al-Shifa, na madrugada desta quarta (15, noite de terça, 14, no Brasil). Os militares dizem estar combatendo terroristas do Hamas e fizeram um ultimato para que o grupo palestino entregue suas armas no local.
 

É uma das mais delicadas ações do Estado judeu desde que iniciou a guerra para destruir o Hamas, que promoveu no dia 7 de outubro o maior ataque terrorista dos 75 anos de história israelense, matando ao menos 1.200 pessoas e tomando 240 reféns.
 

A retaliação tem sido brutal, com sua proporção sendo condenada pela ONU e colocada em dúvida até por setores do governo americano, maior aliado de Tel Aviv. Os palestinos pararam de contar os mortos nesta terça, devido a falhas de comunicação, quando falavam em 11,2 mil vítimas.
 

"A operação é baseada em inteligência e necessidade operacional. A ação não quer machucar paciente, pessoal médico ou os cidadãos que estão no hospital", afirmou no X (ex-Twitter) Daniel Hagari, o porta-voz militar das IDF (Forças de Defesa de Israel).
 

Pouco antes, às 2h (21h no Brasil), as forças afirmaram na mesma rede social que estavam "fazendo uma operação precisa e focada numa área específica do hospital Al-Shifa". Nos últimos dias, Hagari e outros oficiais sustentavam que a unidade tinha terroristas do Hamas em suas dependências, além de abrigar centro de comando militar do grupo palestino que comanda Gaza desde 2007.
 

Esse centro fica, dizem as IDF, em túneis abaixo do prédio, com ligação direta ao hospital. Na terça, a Casa Branca disse ter confirmado o relato israelense. O Hamas e o hospital, que é gerido pelo grupo, negam.
 

É fato notório que o grupo se imiscui entre civis e suas estruturas como forma de se proteger dos bombardeios mais pesados de Israel, que por sua vez o acusa de usar escudos humanos. Mas uma explosão atribuída por Tel Aviv aos palestinos junto ao prédio foi apontada como sendo israelense em uma investigação do jornal The New York Times.
 

O Al-Shifa começou a ser cercado no final da semana passada por tanques e há registro de combates junto a seus portões. Boa parte de seus estimados 2.000 pacientes deixou o local rumo ao sul da Faixa de Gaza, área em que há bombardeios, mas não ainda uma operação terrestre como a que isolou o norte do território.
 

Segundo Hagari, sem especificar detalhes, na sequência da operação Israel irá transferir material médico, comida e incubadoras para bebês. Segundo afirmou à rede americana NBC um dos médicos do local, Ahmed El Mokhatallali, 3 de 39 prematuros que estavam sob cuidados intensivos já morreram desde que o cerco o ao local começou.
 

"A ocupação [Israel] nos informou que iria atacar em minutos", disse à rede qatari Al Jazeera o porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas, Ashraf al-Qidra. Depois, o grupo afirmou no Telegram que "culpava a ocupação e o presidente [americano Joe] Biden" pela ação no hospital, antevendo "um massacre".
 

Houve já combates e cerco a outras unidades hospitalares de Gaza. A Organização Munidal da Saúde diz que 20 dos 36 principais centros de saúde do território estão inoperantes, incluindo o Al-Shifa (A Cura, em árabe). Há milhares de refugiados que procuraram abrigo no hospital, que nesta terça anunciou ter aberto uma vala comum para enterrar mortos em seu terreno, já que seu morgue está lotado.
 

A crise humanitária é o maior calcanhar de Aquiles político de Israel, mas, diferentemente de outras duas grandes operações em Gaza (2009 e 2014), desta vez tudo indica que Tel Aviv está disposta a repetir a reação ao ataque da Guerra do Yom Kippur, em 1973, e ir até o fim de seu objetivo declarado.
 

Como há 50 anos, quando Síria e Egito lideraram uma não antevista invasão dupla do país, houve uma falha brutal de inteligência de Israel ao não prever o ataque do Hamas.
 

O Al-Shifa é a cereja do bolo para os militares israelenses, que já tomaram prédios governamentais como o Parlamento de Gaza e diversas unidades do chamado "distrito da segurança", que concentrava centros de operação do Hamas na capital homônima da faixa.

Israel vai fazer pausas de quatro horas em bombardeios em Gaza, diz Casa Branca

  • Por Fernanda Perrin | Folhapress
  • 10 Nov 2023
  • 11:30h

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Após a crescente pressão internacional sobre Israel diante do desastre humanitário na Faixa de Gaza, Tel Aviv vai começar a fazer pausas diárias de quatro horas em suas operações militares ao norte da região.
 

O anúncio foi feito pelo coordenador de comunicações estratégicas do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, nesta quinta-feira (9). Principal aliado internacional de Tel Aviv, o governo americano também sofre com críticas internas e externas ao seu apoio à ofensiva militar contra o grupo terrorista Hamas, que, segundo autoridades palestinas, já deixaram mais de 10 mil mortos e outros milhares de feridos e deslocados.
 

O objetivo da pausa é dar tempo para que civis se desloquem para o sul, permitir a chegada de ajuda humanitária e a saída de reféns capturados pelo grupo terrorista. Segundo Kirby, a população será avisada com três horas de antecedência sobre o horário dessas janelas.
 

Questionado sobre como será esse aviso, o americano afirmou que detalhes devem ser fornecidos pelas forças israelenses. Tel Aviv ainda não se manifestou sobre a medida, mas, de acordo com a Casa Branca, haverá um pronunciamento sobre o horário da primeira pausa ainda nesta quinta. Nenhum representante de Israel participou do anúncio feito pelo governo americano.
 

 

Kirby afirmou ainda que uma segunda passagem, além de Rafah, será aberta para permitir a entrada de mais ajuda humanitária na região, e que o governo americano vem insistindo com Israel para que "minimize a morte de civis e faça tudo que eles possam fazer para reduzir esses números".
 

Inicialmente, Washington se opôs a qualquer possibilidade de frear as operações militares israelenses, sob a justificativa que Tel Aviv teria o direito e o dever de se defender, e que uma pausa na ofensiva ajudaria o Hamas a reaglutinar suas forças.
 

A referência a "pausas humanitárias" na resolução proposta pelo Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas teria sido, inclusive, o real motivo de veto ao texto pelos americanos. Com a paralisia do órgão, a Assembleia-Geral aprovou uma resolução exigindo "tréguas humanitárias" —o instrumento, porém, tem caráter apenas recomendatório.
 

A posição americana começou a mudar em resposta ao aumento de críticas tanto internas a Israel, quanto externas, vinda de líderes mundiais, que cobram de Tel Aviv o respeito ao direito internacional. Muitos acusam o país de graves violações de direitos humanos em Gaza e, no último sábado, milhares de pessoas participaram de uma manifestação em Washington em que Joe Biden foi chamado de genocida.
 

A postura do democrata vem sendo atacada por sua própria diplomacia. Na última semana, o site Politico obteve um memorando interno do Departamento de Estado recomendando que a Casa Branca passe a apoiar um cessar-fogo e criticar publicamente Israel. Do contrário, o país será percebido regionalmente como um ator "desonesto e enviesado".
 

Biden enfrenta ainda resistência dentro de seu partido por seu apoio ao aliado no Oriente Médio —alas mais à esquerda dos democratas são contrárias a essa aliança, o que pode custar votos ao presidente na acirrada disputa pela reeleição no próximo ano.
 

Assim, as negociações entre americanos e israelenses em torno de uma pausa se intensificaram nos últimos dias, com a visita do secretário de Estado, Antony Blinken, à região, e uma ligação entre o presidente Joe Biden e o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu na última segunda-feira (6).
 

Após o anúncio desta quinta, o presidente americano afirmou que a negociação sobre as pausas "demorou mais do que ele esperava", ao ser questionado por repórteres se ele estava frustrado com Netanyahu. Ele disse ainda que havia pedido por uma pausa mais longa do que três dias. Biden negou, no entanto, qualquer possibilidade de apoio a um cessar-fogo.
 

O governo israelense vinha rejeitando qualquer possibilidade de freio em suas operações —nesta quinta, o comandante Moshe Tetro disse não haver crise humanitária no território palestino. Assim, o anúncio das pausas, antecipado pela Casa Branca, indica que a mudança de postura de Tel Aviv decorre da pressão americana.
 

Com base em pessoas familiarizadas com o assunto, o jornal britânico The Guardian publicou nesta quinta que o premiê israelense rejeitou um acordo de cessar-fogo com grupos palestinos que suspenderia o conflito por cinco dias em troca da libertação de alguns dos reféns sequestrados nos ataques do dia 7 de outubro.
 

De acordo com o jornal, Netanyahu havia descartado a proposta logo após os atentados terroristas que mataram cerca de 1.400 pessoas, mas as negociações foram retomadas diante da ofensiva terrestre em Gaza, no fim de outubro.
 

Segundo as pessoas consultadas pelo Guardian, o premiê se manteve resistente a flexibilizar as propostas. Ele enfrenta, no entanto, pressão crescente para priorizar a libertação dos sequestrados, que estão sendo mantidos presos pelo Hamas em Gaza há mais de um mês. Calcula-se que haja mais de 200 reféns.

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Fome na América Latina atinge mais de 43 milhões de pessoas, aponta ONU

  • Bahia Notícias
  • 09 Nov 2023
  • 19:20h

Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil

Os países da América Latina e Caribe conseguiram avançar no combate à fome e à insegurança alimentar nos últimos anos, sobretudo em decorrência da melhora nos índices da América do Sul. 

 

 

Nas duas regiões, o índice de fome passou de 7% em 2021 para 6,5% em 2022, o que representa, em números absolutos, que 43,2 milhões de pessoas se encontravam nessa situação.

 

Apesar do recuo, a taxa ainda ficou 0,9% acima da registrada em 2019, ano imediatamente anterior à pandemia de covid-19. Entre a população mundial, a taxa se manteve estável em 9,2%. As informações são da Agência Brasil.

 

Os dados fazem parte do Panorama Regional de Segurança Alimentar e Nutrição na América Latina e no Caribe 2023, elaborado por cinco agências do sistema da Organização das Nações Unidas (ONU). 

 

 

O documento foi divulgado nesta quinta-feira (9) e detalha como fatores geopolíticos, a exemplo da guerra da Ucrânia, a crise sanitária da covid-19 e a crise climática afetam os números.

 

A evolução dos índices na região sul-americana foi constatada entre 2021 e 2022, embora, ao mesmo tempo, na mesoamérica – que inclui Belize, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá, além de porções do México –, a proporção da população que ainda convive com a fome ou insegurança alimentar em estágio moderado ou grave aumentou.

 

No ano passado, 247,8 milhões de pessoas da região constituíam a parcela com insegurança alimentar moderada ou grave, total reduzido em 16,5 milhões, na comparação com o registrado em 2021. A projeção para 2022 indica que, do grupo que vive nessa condição, 159 milhões de pessoas são da América do Sul, 61,9 milhões da América Central e 26,9 milhões do Caribe.

 

"As persistentes desigualdades da região têm um impacto significativo na segurança alimentar dos mais vulneráveis. A prevalência da insegurança alimentar moderada ou grave continua afetando mais as mulheres do que os homens", ressaltam as agências da ONU no relatório.

 

BRASIL

Segundo os especialistas que compilaram os dados e elaboraram o documento, a proporção da população com experiência de subalimentação caiu em uma década tanto no Brasil, como na América Latina e no mundo, porém em ritmos distintos.

 

Na América Latina e Caribe o percentual passou de 10,7% no período de 2000 a 2002, para 6,7%, de 2020 a 2022. No Brasil, a variação foi de 10,7% para 4,7%, no mesmo período. Já em termos globais, o índice caiu de 12,9% para 9,2%. O cálculo dos dados de 2020-2022 são projeções da ONU.


 

Em relação à caracterização da parcela com insegurança alimentar grave, os primeiros dados da análise datam de 2014 a 2016. Nesse caso, no mundo, o que se verificou foi um aumento no percentual: de 7,8% no biênio mais antigo, para 11,3% em 2020-2022. Na América Latina e Caribe, a variação foi de 7,9% para 13%, enquanto, no Brasil, passou de 1,9% para 9,9%.

 

Outro dado relevante que consta do relatório diz respeito ao impacto da falta de acesso à alimentação adequada na vida de crianças. Em todos os recortes geográficos, houve redução no índice de atraso no crescimento de crianças menores de 5 anos de idade, quando se comparam dados de 2000 e 2022.

 

No mundo, a porcentagem caiu de 33% e para 22,3%. Na América Latina e Caribe, passou de 17,8% em 2000 para 11,5% em 2022. Já no Brasil, o percentual passou de 9,8% para 7,2%, na mesma base de comparação.

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Egito mantém saída de Gaza fechada para estrangeiros

  • Por Igor Gielow | Folhapress
  • 06 Nov 2023
  • 16:21h

Foto: Google Maps

Pelo segundo dia seguido, o Egito manteve sem atualização a lista com autorizações para a saída de estrangeiros e cidadãos com dupla nacionalidade da Faixa de Gaza de seu território para o país árabe nesta segunda (6).
 

Com isso, o grupo coordenado pelo Itamaraty deverá tem mais um dia de angustiante espera nas cidades de Rafah em Khan Yunis. 
 

Como a Folha de S.Paulo mostrou, no domingo (5) as autoridades do Cairo suspenderam a emissão de novas listas e mantiveram os portões do posto de Rafah fechados. O motivo, que não foi alegado oficialmente, foi o ataque de Israel a ambulâncias com feridos rumo ao Egito.
 

Tel Aviv disse que a ação, na sexta (3), visava veículos com terroristas escondidos. O Hamas, grupo palestino que comanda Gaza e está em guerra com Israel desde que promoveu o mortífero ataque terrorista de 7 de outubro, sustenta que civis foram mortos.
 

 

Seja como for, o Egito pausou a operação, que depende de um sistema de autorizações que se sobrepõem: a do Cairo, a de Tel Aviv para evitar fuga de terroristas, e a dupla de Washington e Doha, mediadores do arranjo que começou a ser implementado na quarta passada.
 

De lá até sábado, cerca de 2.700 pessoas haviam sido autorizadas a sair, mas a inconstância do fluxo de pessoas no posto de Rafah impede uma conta exata de quem de fato deixou Gaza. Ainda não se sabe se, ao longo desta segunda, ao menos as pessoas já autorizadas poderão entrar em algum momento.
 

"Mais um dia se lista", disse o embaixador brasileiro na Cisjordânia, Alessandro Candeas, que coordena o esforço local com os refugiados.
 

Com tudo isso, os 34 integrantes do grupo do Itamaraty seguem esperando, e se queixando dos critérios adotados pelos envolvidos para definir quem sai. Ainda que a maioria até aqui tenha sido do principal aliado dos EUA, Israel, a presença de indonésios nas levas já despachadas dificulta a leitura de favorecimento: o país asiático nem tem relações com o Estado judeu, por exemplo.
 

O Brasil tem insistido em todos os lados, com conversas do chanceler Mauro Vieira com seus pares nos EUA, Egito, Israel, Autoridade Nacional Palestina, Qatar e até Irã, o mentor do Hamas e de outros grupos anti-Israel da região.
 

Seja como for, nada disso muda a disposição dos brasileiros e dos palestinos agregados ao grupo do Itamaraty. Eles buscam sair de Gaza há um mês, com a maioria deles sendo levada pelo ministério das suas casas na capital homônima da faixa para refúgio em uma escola católica, e de lá para casas alugadas em Rafah.
 

Outra metade aproximada do contingente já morava em Khan Yunis, cidade que, a exemplo de Rafah, segue sob o impacto de bombas israelenses em ritmo diário.
 

As condições para acesso à compra de água e comida são duras, e a comunicação voltou a ser cortada no domingo, segundo a principal operadora de celulares e internet da região.

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Israel declara alerta máximo no norte do país

  • Por Igor Gielow | Folhapress
  • 03 Nov 2023
  • 17:27h

Foto: Reprodução / Globo News

As Forças de Defesa de Israel declararam alerta máximo na fronteira norte do país com o Líbano. O motivo é o aguardado discurso televisionado do líder do Hezbollah, xeque Sayyed Hassan Nasrallah, o primeiro desde que o Hamas atacou Israel e iniciou a atual guerra, em 7 de outubro.
 

O Hezbollah é aliado do Hamas, e ambos são bancados pelo Irã. A diferença é que o grupo libanês é muito mais forte militarmente, e sua entrada com força total na guerra mudaria drasticamente o cenário para Tel Aviv, centrada nos ataques a Gaza, administrada pelos terroristas palestinos.
 

Desde que o conflito eclodiu, houve uma intensificação da violência já comum na fronteira, com Israel deslocando dezenas de tanques e peças de artilharia para responder a ataque pontuais do Hezbollah. Tudo agora depende do tom de Nasrallah.

Diretor de 'Friends' diz que morte de Matthew Perry deixou atrizes destruídas

  • Por Folhapress
  • 03 Nov 2023
  • 09:28h

Foto: IMDB

James Burrows, um dos diretores da série "Friends", disse que as atrizes Jennifer Aniston, Courteney Cox e Lisa Kudrow estão devastadas após a morte de Matthew Perry, ator do seriado com quem elas dividiram as cenas por dez temporadas.
 

"Elas estão destruídas. É um irmão morrendo", disse Burrows, que entrou em contato com as atrizes assim que soube da morte do ator. "Matthew tinha uma certa maneira de mudar de rumo. Ele fazia parte de uma família e foi o primeiro a não fazer mais parte dela".
 

Na segunda (30), o elenco do seriado se manifestou em relação à morte de Perry, em um comunicado publicado na revista People.
 

"Estamos todos totalmente arrasados com a perda de Matthew. Éramos mais do que apenas colegas de elenco. Somos uma família", diz a nota, assinada por Jennifer Aniston, Courteney Cox, Lisa Kudrow, Matt LeBlanc e David Schwimmer.
 

"Há muito a dizer, mas agora vamos reservar um momento para lamentar e processar esta perda insondável. Com o tempo diremos mais, como e quando pudermos. Por enquanto, nossos pensamentos e nosso amor estão com a família de Matty, seus amigos e todos que o amavam ao redor do mundo."
 

Perry morreu no sábado (28), aos 54 anos, em sua casa em Los Angeles. Durante dez anos, ele interpretou Chandler Bing, em uma performance em "Friends" que lhe rendeu uma indicação ao Emmy em 2002.

Israel faz novo ataque ao maior campo de refugiados de Gaza

  • Por Igor Gielow | Folhapress
  • 02 Nov 2023
  • 11:21h

Foto: Reprodução / AP Photo

Um dia após um ataque de Israel matar 50 pessoas, as forças de Tel Aviv voltaram a alvejar nesta quarta-feira (1º) Jabalia, o maior campo de refugiados da Faixa de Gaza.
 

Como na véspera, as IDF (Forças de Defesa de Israel) disseram ter usado caças para atacar uma importante unidade militar do Hamas, o grupo terrorista palestino que comanda o território e que disparou a atual guerra com a mega-ação do dia 7 de outubro.
 

Em comunicado, os militares afirmaram ter matado o comandante da força de mísseis antitanque do Hamas, Muhammad Asar. Essas armas foram responsáveis por 11 das 16 mortes de soldados israelenses em Gaza na terça (31), quando um blindado de Tel Aviv foi alvejado.
 

As IDF novamente acusaram o Hamas de usar a população civil como escudo humano, centrando suas células militares entre prédios residenciais. O grupo terrorista disse ter ocorrido "um massacre", mas afirmou que ainda não tinha um levantamento de vítimas.
 

 

Acerca do ataque da véspera, o Hamas havia contou a mesma cifra de vítimas divulgada por Israel, mas se referiu a elas apenas como "mártires", jargão para quem morre lutando contra os adversários no islamismo.
 

O grupo também afirmou, nesta quarta, que a ação matou sete reféns sequestrados na ação que detonou a atual guerra, o mega-ataque terrorista dos palestinos em 7 de outubro, que deixou mais de 1.300 mortos. O Hamas diz que chegou a ter 250 pessoas em suas mãos, mas já falou na morte de 57 delas. Israel conta hoje 240 desaparecidos.
 

Apuração independente dos fatos é muito difícil, até porque a Faixa de Gaza, onde fica Jabalia, está com blecaute parcial de telefonia e internet devido a ataques à rede das operadoras Jawwal e Paltel.
 

A rede qatari Al Jazeera, cujo noticiário tem viés pró-palestino, foi das poucas com acesso a imagens do local. O chefe da sucursal da TV em Gaza, Wael Dahdouh, relatou ter visto vários prédios em uma região residencial irem ao chão. O jornalista, que perdeu sua família em um bombardeio na semana passada, afirmou que foram empregadas bombas e mísseis.
 

A retaliação israelense ao ataque virou uma guerra para destruir o Hamas, nas palavras do premiê Binyamin Netanyahu. Após quase três semanas de bombardeios, a ação passou para uma fase terrestre gradual, com incursão de colunas blindadas e de infantaria pelo norte e sul da área norte da Faixa de Gaza, que inclui a capital homônima.
 

Israel já perdeu 16 soldados desde a sexta (27), quando passou a entrar por terra. Não há números fechados por parte do Hamas, mas estima-se que as mortes estejam na casa das centenas de seus talvez 25 mil integrantes. O grupo só divulga números gerais, e afirma que 8.796 palestinos já morreram na ação em Gaza.
 

Jabalia é 1 dos 8 campos de refugiados na região, e tinha antes da guerra 116 mil moradores, diz a ONU. A definição do local é algo imprecisa, por ser decorrente da origem das primeiras famílias que o habitaram. Gaza fazia parte da antiga Palestina britânica, e foi ocupada de 1948 a 1967 pelo Egito, sendo então tomada por Israel.
 

Nessas guerras em torno da discordância sobre a partilha proposta pela ONU do território entre judeus e árabes, milhares de palestinos foram expulsos de suas terras —acabando em campos de refugiados clássicos, com tendas. No caso de Jabalia e outros, o fato de a situação ter se eternizado transformou a ocupação em bairros e cidades urbanizadas, ainda que de forma bastante precária em termos de infraestrutura.
 

A Autoridade Nacional Palestina, que controla parcialmente a Cisjordânia e foi expulsa de Gaza pelo Hamas em 2007, calcula que 60% dos 2,3 milhões de moradores da faixa sejam de famílias de refugiados.
 

ISRAEL REFORÇA MAR VERMELHO
 

Também nesta quarta, Israel enviou um navio-patrulha equipado com mísseis para a costa de Eilat, no sul do país. Na véspera, a região havia sido alvo do terceiro ataque promovido por rebeldes houthis do Iêmen, que lançaram um míssil balístico e dois drones contra o balneário.
 

Os houthis são apoiados pelo Irã, que banca o Hamas e o Hezbollah libanês, além de outros grupos contrários a Israel e a Síria, todos dentro do que Teerã chama de Eixo da Resistência. Nesta quarta, o grupo afirmou ter lançado drones contra o Estado judeu, algo sem confirmação ainda por Israel, e prometeu apoiar os palestinos.
 

Na terça, o sistema de defesa de longa distância israelense Arrow (flecha) foi usado pela primeira vez nesta guerra, interceptando o míssil. Já os drones foram derrubados por caças. Segundo as IDF (Forças de Defesa de Israel), houve um quarto incidente aéreo nesta noite, mas não foi detalhado o que ocorreu.
 

O mar Vermelho se une ao norte de Israel como frente secundária da guerra em Gaza. A região tem dois destróieres americanos, integrantes do grupo de porta-aviões liderado pelo maior navio de guerra do mundo, o USS Gerald Ford, que está no Mediterrâneo.
 

Um deles, o USS Carney, abateu há duas semanas uma salva de mísseis e drones lançadas pelos houthis a partir da costa que dominam no norte do Iêmen, país em guerra civil desde 2014. Ruma para a região um segundo grupo de porta-aviões, esse encabeçado pelo USS Dwight Eisenhower.
 

Todo esse poder de fogo, aliado ao reforço em bases americanas na região, visa dissuadir o Irã seus aliados regionais a escalarem a guerra. Tem dado relativamente certo: no norte de Israel, o Hezbollah tem intensificado suas ações contra as IDF, mas nada parecido com uma entrada total no conflito.
 

Isso se dá por considerações domésticas também, dado que o Líbano passa por uma grave crise econômica, e uma nova guerra, como a de 2006, poderia ser fatal para o prestígio político do Hezbollah, que é também um partido. Mas a ameaça fica no ar, e o grupo é bem mais forte que o Hamas em termos militares.
 

Enquanto isso, o Irã segue pedindo que o mundo islâmico reaja aos ataques de Israel a Gaza, tendo sugerido nesta quarta um boicote a produtos do Estado judeu.

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Ruínas encontradas na Turquia podem ser a Arca de Noé, apontam arqueólogos

  • Bahia Notícias
  • 31 Out 2023
  • 07:15h

Foto: Reprodução/Noah’s Ark Scans

A Arca de Noé pode ser real. É o que estão investigando arqueólogos que encontraram ruínas na Turquia que podem representar destroços da embarcação bíblica. De acordo com o portal Terra, escavações comprovaram que o interior desse “barco” tem material de 5 mil anos atrás - a mesma época que teria acontecido o grande dilúvio citado na Bíblia. 

 

Segundo informações do jornal The New York Post, a possível arca está localizada a menos de 3 km da fronteira entre o Irã e a Turquia, no distrito de Do?ubayaz?t, em A?r?. O local também é simbólico por ficar 29 km ao sul do cume do Grande Monte Ararat, que o livro de Gênesis afirma ser o local onde a arca descansou alguns dias.

“Talvez o mais convincente seja o fato de que o comprimento da formação Durupinar se alinha perfeitamente com as dimensões da arca descritas em Gênesis 6:15 da Bíblia”, diz o projeto Noah’s Ark Scans, responsável pela pesquisa, em texto divulgado em seu site.

 

Os estudos da “Equipe de Pesquisa do Monte Ararat e da Arca de Noé” começaram em 2021 em colaboração entre uma equipe científica turca e meios de comunicação norte-americanos. 

 

Agora, em nova fase da pesquisa divulgada neste mês, cerca de 30 amostras de rochas e do solo da área recolhidas foram analisadas na Universidade Técnica de Istambul. Nas amostras foram encontrados “materiais argilosos, materiais marinhos e frutos do mar” que estavam presentes na área entre 5.500 e 3.000 anos antes de Cristo. 

 

A formação foi descoberta por um fazendeiro curdo em 1948, antes que o exército turco identificasse o local em 1951 ao sobrevoar a área durante uma missão de mapeamento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), afirma o grupo de pesquisa.

Gaza volta a ter internet e telefone de forma parcial; Israel estende ação por terra

  • Por Folhapress
  • 30 Out 2023
  • 06:52h

Foto: Reprodução /Bahia Notícias

Os bombardeios e a expansão das ações terrestres de Israel em Gaza continuaram neste domingo (29), mas os cerca de 2,3 milhões de moradores do território palestino tiveram um pequeno alívio com o fim do blecaute total nas comunicações. Por volta das 4h locais (22h de sábado em Brasília), a conectividade começou a voltar espontaneamente, disse Abdulmajeed Melhem, diretor-executivo da Paltel, a principal empresa palestina de telefonia.
 

A retomada do sinal de internet e das linhas telefônicas, ainda que parcial, encerrou um período de cerca de 34 horas, desde a noite de sexta-feira (27), em que Gaza ficou sem nenhuma conexão interna e com o exterior, após uma série de ataques israelenses. Era impossível pedir ajuda a serviços de emergência, e equipes de paramédicos saíam com suas ambulâncias na direção de onde ouviam explosões, em uma tentativa às cegas de encontrar feridos.
 

Várias organizações internacionais, como o Crescente Vermelho e agências da ONU, também afirmaram que haviam perdido contato com o seu pessoal na região.
 

 

A Paltel informou que não fez nenhum reparo em sua estrutura e não tinha como explicar de que forma a internet foi reativada. Para o diretor Melhem, Tel Aviv foi responsável tanto pelo corte quanto pela reativação do serviço. Funcionários do governo israelense procurados pelo The New York Times não quiseram comentar a acusação. Representantes dos EUA teriam cobrado Israel a fazer o possível para restaurar as comunicações em Gaza o quanto antes.
 

O fornecimento de água também foi restaurado de forma parcial. Israel anunciou que reabriu o segundo dos três dutos que abastecem Gaza --o primeiro havia sido reaberto na semana passada, mas com volume reduzido. Cerca de 28,5 milhões de litros voltarão a estar disponíveis no território palestino. Segundo as autoridades israelenses, a quantia é suficiente para atender às necessidades humanitárias de Gaza. Antes do início da guerra, eram fornecidos 49 milhões de litros para o território.
 

Em outra frente, 47 caminhões foram autorizados a entrar pela passagem de Rafah com água, comida e medicamentos. Foi o maior comboio em um só dia desde que Israel e Egito chegaram a um acordo para liberar o ingresso de ajuda humanitária, no dia 21, mas o volume ainda é insuficiente ante a demanda da população, segundo organizações.
 

As medidas tomadas neste domingo indicam uma flexibilização, ainda que tímida, do cerco prometido pelo governo israelense dias após o Hamas conduzir a série de atentados terroristas em solo vizinho. No dia 12, o ministro da Energia, Israel Katz, escreveu no X, antigo Twitter: "Ajuda humanitária para Gaza? Nenhum interruptor será ligado, nenhuma bomba d'água funcionará e nenhum caminhão com combustível entrará até que os reféns israelenses voltem para casa."
 

Apesar da leve melhora, o cenário de privação ainda é evidente. Neste domingo (29), milhares invadiram depósitos da ONU em busca de comida e de itens básicos. Diretor do escritório da agência das Nações Unidas para refugiados palestinos em Gaza, Thomas White afirmou que os saques são um sinal preocupante de que a "ordem civil está começando a colapsar". Em visita ao Nepal, o secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou que a situação é desesperadora. Ele renovou seu pedido por um cessar-fogo, que tem sido ignorado por Israel -a diplomacia de Tel Aviv chegou a pedir a renúncia de Guterres após este apontar possíveis violações de direitos humanos em Gaza.
 

Numa visita não anunciada, o procurador do Tribunal Penal Internacional Karim Khan foi à passagem de Rafah neste domingo (29) e declarou que não obteve autorização para entrar em Gaza. Ele disse que ainda espera visitar o território e Israel enquanto estiver na região.
 

O TPI tem investigado episódios nos territórios palestinos desde 2021, buscando possíveis crimes de guerra e contra a humanidade. Israel, que não é signatário da corte, rejeitou anteriormente a jurisdição do tribunal e não se envolve formalmente nas suas apurações.
 

Ainda neste domingo (29), o presidente dos EUA, Joe Biden, conversou por telefone com o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, e reforçou o direito de Tel Aviv de se defender. Afirmou, porém, que isso deve ser feito "de uma maneira consistente com o direito humanitário internacional que prioriza a proteção de civis".
 

Recomendações à parte, a expansão da ofensiva israelense continuou em ações por terra. Tanques foram vistos mais uma vez ao norte de Gaza, em movimentação que ocorre já há quatro dias. Depois de anunciar no sábado (28) que a resposta militar entrava em uma "nova fase", Tel Aviv tem enfrentado embates pontuais com combatentes do Hamas. Em Erez, comunidade quase na fronteira com Gaza, houve relatos de que atiradores palestinos saíram de um túnel em solo israelense e trocaram tiros com tropas israelenses.
 

Não se sabe o número exato de soldados já operando em território palestino, mas o Exército afirma que o aumento do contingente tem sido gradual.

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